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terça-feira, 29 de junho de 2010

Ao mestre com carinho



Professor Messias, mestre e pai, tenho certeza que nesses primeiros 11 anos dessa nova etapa em sua existência, estais orgulhoso da grande obra que no dia 28/06/1999 deixastes em terra:    A família.

Família, base suprema de tudo!

"O bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte."
Chico Xavier

REFLEXÕES DO COMPANHEIRO FIDEL



Reflexões do companheiro Fidel: Eu bem gostaria estar enganado

Quando estas linhas sejam publicadas no jornal Granma amanhã sexta-feira, o dia 26 de julho, data em que sempre recordamos com orgulho a honra de ter resistido os embates do império, ficará distante, apesar de que faltam apenas 32 dias. Os que determinam cada passo do pior inimigo da humanidade ­―o imperialismo dos Estados Unidos, uma mistura de mesquinhos interesses materiais, desprezo e subestimação às demais pessoas que habitam o planeta― calcularam tudo com precisão matemática.

Na reflexão do dia 16 de junho escrevi: “Entre jogo e jogo da Taça Mundial de Futebol, as diabólicas notícias vão sendo colocadas de pouco e pouco, de maneira que ninguém se ocupe delas”. O famoso evento esportivo tem entrado em seus momentos mais emocionantes. Durante 14 dias, as equipes integradas pelos melhores futebolistas de 32 países têm estado competindo para avançar rumo à fase de oitavos de final; depois virão sucessivamente as fases de quartos de final, semifinais e o final do evento. O fanatismo esportivo cresce incessantemente, cativando centenas e talvez milhares de milhões de pessoas em todo o planeta.

Contudo, haveria que se perguntar quantos sabem que desde o dia 20 de junho naves militares norte-americanas, incluído o porta-aviões Harry S. Truman, escoltado por um ou mais submarinos nucleares e outros navios de guerra com mísseis e canhões mais potentes do que os velhos couraçados utilizados na última guerra mundial entre 1939 e 1945, navegavam rumo ás costas iranianas através do canal de Suez. Junto das forças navais ianques avançam barcos militares israelitas, com armamento igualmente sofisticado, para inspecionar toda a embarcação que parta para exportar e importar produtos comerciais que o funcionamento da economia iraniana precisa.    
O Conselho de Segurança da ONU, a proposta dos Estados Unidos, com o apoio da Grã-bretanha, a França e Alemanha, aprovaram uma dura resolução que não foi vetada por nenhum dos cinco países que ostentam esse direito.

Outra resolução mais dura foi aprovada por acordo do Senado dos Estados Unidos. Com posterioridade, uma terceira, ainda mais dura, foi aprovada pelos países da Comunidade Européia. Tudo aconteceu antes de 20 de junho, o que motivou uma viagem urgente do Presidente francês Nicolás Sarkozy à Rússia, segundo notícias, para entrevistar-se com o chefe de Estado desse poderoso país, Dmitri Medvédev, com a esperança de negociar com o Irã e evitar o pior.

Agora se trata de calcular quando as forças navais dos Estados Unidos e do Israel se desdobrarão frente às costas do Irão, para se juntar ali aos porta-aviões e demais navios militares norte-americanos que estão de plantão nessa região.
O pior é que, igual do que os Estados Unidos, Israel, o seu gendarme no Oriente Médio, possui moderníssimos aviões de ataque e sofisticadas armas nucleares fornecidas pelos Estados Unidos, que o tornou a sexta potência nuclear do planeta por seu poder de fogo, entre as oito reconhecidas como tais, que incluem a Índia e o Paquistão.

O Xá da Pérsia fora derrocado pelo Ayatollah Ruhollah Khomeini em 1979 sem empregar uma arma. Os Estados Unidos depois lhe impuseram a guerra àquela nação com a utilização de armas químicas, cujos componentes forneceu ao Iraque junto da informação requerida por suas unidades de combate e que foram empregues por estas contra os Guardiães da Revolução. Cuba sabe disso porque na altura era, como temos explicado outras vezes, Presidente do Movimento de Países Não- Alinhados. Sabemos bem dos estragos que causou em sua população. Mahmud Ahmadineyad , hoje chefe de Estado no Irão, foi chefe do sexto exército dos Guardiães da Revolução e chefe dos Corpos dos Guardiães nas províncias ocidentais do país, que suportaram o peso principal daquela guerra.

Hoje, em 2010, tanto os Estados Unidos quanto Israel, após 31 anos, subestimam o milhão de homens das Forças Armadas do Irão e sua capacidade de combate por terra, e às forças de ar, mar, e terra dos Guardiães da Revolução. A elas se acrescentam os 20 milhões de homens e mulheres, entre 12 e 60 anos, escolhidos e treinados sistematicamente por suas diversas instituições armadas entre os 70 milhões de pessoas que habitam o país. O governo dos Estados Unidos elaborou um plano para levar a cabo um movimento político que, apoiando-se no consumismo capitalista, dividisse os iranianos e derrocasse o regime.

Tal esperança já é inócua. Resulta risível pensar que com as naves de guerra estadunidenses, unidas às israelitas, despertem as simpatias de um só cidadão iraniano. Por minha parte acreditava inicialmente, ao analisar a atual situação, que a contenda começaria pela península da Coréia, e ali estaria o detonante da segunda guerra coreana que, por sua vez, daria lugar de imediato à segunda guerra que os Estados Unidos lhe imporiam ao Irão.

Agora, a realidade muda as coisas em sentido inverso: a do Irão desatará de imediato à da Coréia. A direção da Coréia do Norte, que foi acusada do afundamento do “Cheonan”, e sabe de sobra que foi afundado por una mina que os serviços de inteligência ianque conseguiram colocar no casco dessa nave, não esperará um segundo em agir logo que no Irão se inicie o ataque.

É muito justo que a torcida do futebol desfrute a seu bel-prazer das competições da Taça do Mundo. Cumpro apenas com o dever de fazer um apelo ao nosso povo, pensando sobretudo em nossa juventude, plena de vida e esperanças, e especialmente em nossas maravilhosas crianças, para que os fatos não nos apanhem por surpresa, absolutamente desprevenidos.

Doe-me pensar em tantos sonhos concebidos pelos seres humanos e as assombrosas criações das que têm sido capazes em apenas uns poucos milhares de anos.
Quando os sonhos mais revolucionários se estão cumprindo e a Pátria se recupera firmemente, eu bem gostaria estar enganado!

Fidel Castro Ruz
24 de junho de 2010
21h34

domingo, 6 de junho de 2010

Vale: A empresa de um único produto para um único comprador



Antes de mais nada é importante lembrar que a Vale é uma empresa que comercializa um único produto para um único comprador, ou seja, minério de ferro para China. Após 13 anos de exploração do recursos naturais do Brasil, não agregou R$ 0,01 ao seu produto, sequer tem capacidade de atender a demanda interna por aço para construir os navios encomendados pela Petrobrás.
No dia em que a China acordar com resfriado e arrumar um outro fornecedor de minério de ferro a Vale pede concordata e junto leva as economias de milhões de brasileiros acionistas desta empresa.
Infelizmente a privatização da Vale é vendida - por setores conservadores da imprensa - como um caso bem sucedido do modelo neoliberal. Mas não é bem assim! É apenas propaganda ocultando a verdade!

Por Jorge Américo na Radioagência NP:

Fundada em 1942 e privatizada em maio de 1997, a mineradora Vale transformou-se em símbolo da política neoliberal implementada pelo governo Fernando Henrique Cardoso (FHC). A estatal foi adquirida pela iniciativa privada pelo valor de US$ 3,4 bilhões. Atualmente, o valor de mercado passa de US$ 140 bilhões, valor quarenta vezes maior que o preço de sua venda.

Somente no ano de 2009, a Vale teve um lucro líquido de mais de US$ 5 bilhões. Em contrapartida, sua ação exploratória em aproximadamente 30 países em que atua está provocando conflitos sociais e ambientais.

A semelhança das ocorrências nos diversos países onde a Vale atua fez com que 80 organizações, presentes nos cinco continentes, organizassem o Movimento Internacional dos Atingidos pela Vale.

Com a mobilização, foi criado um dossiê, que demonstra a ação devastadora da empresa. O documento foi entregue à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Organização dos Estados Americanos (OEA) no final de março deste ano.

Em entrevista à Radioagência NP, a economista Karina Kato, integrante do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul, defende a anulação do leilão da Vale e fala sobre a tensão social nos territórios atingidos pela multinacional brasileira.

Radioagência NP: Karina, o que consta neste “Dossiê dos Impactos e Violações da Vale no Mundo” que foi enviado para os organismos internacionais?
Karina Kato: No Peru, teve um caso de um funcionário de uma subsidiária da Vale que foi condenado por tentativa de homicídio. A Vale está entrando lá para a constituição de milícias armadas. São denúncias parecidas com aquelas que ouvimos aqui, na Baía de Cepetiba, onde está sendo construída a Companhia Siderúrgica do Atlântico. Enfim, são várias violações de direitos humanos, casos de destruição do meio ambiente. Por isso, esse dossiê foi apresentado como um documento que prova essas violações cometidas pela vale e entregue a diversas instâncias.

RNP: No documento, a Vale é acusada de violação dos direitos humanos, exploração de trabalhadores, destruição do meio ambiente, entre outros. Como ela consegue preservar a imagem de companhia sustentável?
KK: A Vale acaba construindo uma imagem de si que não corresponde à realidade. Nos territórios onde atua, ela possui uma imagem totalmente diferente daquela que ela vende. No entanto, ela consegue manter no imaginário social do brasileiro comum a imagem de uma empresa verde-amarela, que pertence a todos os brasileiros, o que já não é mais verdade há muito tempo, desde a privatização.

RNP: Sustentabilidade é um dos assuntos mais debatidos no momento. Como ele foi abordado na assembléia da qual participaram o movimento e os acionistas?
KK: A Vale fez uma apresentação de como foi sua atuação em 2009. As palavras sustentabilidade, meio ambiente e comunidade não apareceram na apresentação. Era uma apresentação voltada para o mercado, vendas e exportação de commodities. Foi curioso porque os próprios acionistas cobraram isso da empresa. Questionaram as ações que estão sendo feitas acusações de violação nos territórios.

RNP: Que impactos a ação da Vale provoca nas comunidades onde ela atua?
KK: Na Tailândia tem cerca de 1.5 mil famílias de acampamentos e assentamentos que convivem com 79 fornos que produzem carvão. A produção funciona 24 horas para alimentar as indústrias da Vale. A conseqüência são problemas respiratórios, crianças que não conseguem ir ao colégio por conta da alergia e outros problemas. A mesma coisa acontece com famílias que moram perto de siderúrgicas. A violência que vitima os camponeses que se opõem às ações da empresa. A Vale é arrogante, tem uma forma muito agressiva de exploração dos recursos naturais e dos recursos humanos em todas as áreas.

RNP: A questão trabalhista também está sendo desrespeitada?
KK: Um grande exemplo dessa arrogância está na greve de nove meses, onde 3.5 mil mineiros estão parados. Um detalhe é que no Canadá os trabalhadores não recebem pelos dias parados. O sindicato contribui com 20% do salário que eles recebem. Vem de um fundo para a greve. Para se ter uma idéia, eles estão passando necessidades, alguns estão passando fome. Segundo cálculos do sindicato, se os trabalhadores aceitassem todas as exigências da Vale, a redução do custo da empresa por libra de níquel seria de cinco centavos. Seria um impacto muito grande para os trabalhadores. Em contrapartida, um impacto muito pequeno para a empresa.

RNP: O Movimento defende a anulação do leilão de privatização da Vale?
KK: Consideramos que o leilão foi ilegal, as reservas foram subvalorizadas, foram vendidas a um preço extremamente baixo. Era um patrimônio brasileiro, que passou para as mãos da iniciativa privada sem ao menos se fazer uma consulta à população. A Vale tinha um fundo que destinava 3% de sua lucratividade, que eram revertidos para as comunidades onde ela mantinha a exploração. Esse fundo foi retirado, se tornou um valor fixo, que é controlado e operacionalizado pelo BNDES.”

RNP: Como os movimentos sociais devem se organizar diante do poderio das grandes corporações?
KK: Precisamos denunciar e dar voz a esses grupos que estão sendo impactados. É preciso articular as diferentes lutas em torno de uma luta só. Afinal, estamos lutando pelo mesmo motivo. Por condições de vida digna, por um meio ambiente saudável, por distribuição de riqueza, pela não-exploração do trabalho. Parecem lutas distintas, mas é uma luta só.