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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O desastre da Chevron prova: Pré-Sal, só com a Petrobras



Com este escândalo que foi – e ainda está sendo – o vazamento de óleo em um dos poços da Chevron-Texaco no Campo de Frade, ao largo do Rio de Janeiro, trouxe, em toda a mídia brasileira, a discussão sobre a capacidade e o preparo do país para a exploração de petróleo no subsolo marinho.

Embora a discussão seja mais do que legítima, os objetivos com que ela é trazida, neste momento, não o são.

É como discutirmos a segurança nas estradas ao lado de um acidente onde o automóvel que o provocou tinha os pneus carecas e andava a 250 km por hora e ainda tinha tomado uns tragos.

A estrada poderia ser uma autobahn alemã e o desastre teria sido igual. Sobretudo porque a responsável pelo acidente ainda tem muitas explicações a dar sobre as razões de seu “erro de cálculo e, sobretudo, porque ocultou-o o quanto pôde.

Como é que não tem níveis pelo menos razoáveis de segurança um país que explora petróleo no mar há 35 anos, em milhares de poços perfurados no leito marinho e só agora tem o seu primeiro acidente de alguma expressão na plataforma continental?

É só olhar o mapa dos poços marítimos da ANP que está no post e você verá que o exagero com que se aborda a questão é apenas um encobrimento das verdadeiras intenções: bloquear a exploração da riquíssima fronteira econômica representada pelas jazidas do pré-sal e favorecer sua entrega aos poderosos interesses das grandes petroleiras estrangeiras.

É necessário eclipsar que este acidente – e já é confesso por parte da Chevron-Texaco, embora a mídia o minimize – decorreu exclusivamente da negligência de uma destas grandes petroleiras, interessada em gastar o mínimo possível nas perfurações q que – suprema ironia – nem mesmo tinha os sistemas de vigilância e inspeção submarino adequados, ao ponto de tê-los de aceitar emprestados pela Petrobras.

E a Petrobras os tinha porque há 40 anos desenvolve tecnologia e rotinas operacionais para exploração marítima. Primeiro com seu Centro de Pesquisas, depois em programas específicos, a partir de 1986, quando criou o Procap, seu Programa de Capacitação em Águas Profundas, com o objetivo de perfurar em até um quilômetro abaixo da superfície marinha. Depois vieram o Procap-2000 e o 3.000, com a necessidade de perfurar em locais ainda mais profundos. Só este último teve um investimento previsto em US$ 128 milhões,

A petroleira brasileira é reconhecida em todo o mundo como líder em tecnologia de exploração a grandes profundidades. E isso, é claro, tem um custo pesado que, muitas vezes, o investidor estrangeiro não quer suportar.
Aí é fácil dizer que as multinacionais são mais rentáveis, gastando menos para garantir a segurança de suas instalações.

Este episódio mostrou que não apenas não ficamos em nada a dever às gigantes do petróleo em matéria de segurança como, ao contrário, foi uma delas que se mostrou incompetente e criminosamente irresponsável na atividade mais arriscada da exploração, que é a perfuração e completamento de um poço pioneiro.

Além das razões econômicas, a segurança provida pela Petrobras é motivo mais que suficiente para a determinação de que só ela possa operar a perfuração e a operação de poços no pré-sal, muito mais profundos e complicados tecnologicamente que os de águas rasas e de profundidade média.

A resposta sobre se o Brasil está preparado para a exploração de águas ultra profundas é sim, ele está, através da Petrobras, que é uma empresa que deve contas e satisfação perante o Governo e o país.

Mas será não se for através de empresas que ganham montanhas de dinheiro, pagam um multa por poluir e, se quiserem, juntam as tralhas e vão embora, com um rico saldo em petróleo e em dinheiro.

Por: Fernando Brito, publicado originalmente no Blog Projeto Nacional

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Nota 10 em mau exemplo!



"Sol do recanto": Roupas insinuantes, movimentos sensuais e desprezo pelos estudos... Por que os autores de novelas inserem em suas obras personagens completamente inúteis, que difundem condutas reprováveis e comportamentos duvidosos? É essa a pergunta que faço a mim mesmo sempre que vejo as cenas da personagem Solange, interpretada por Carol Macedo, na novelona "Fina Estampa" da Rede Globo. Quais os planos do autor da novela para essa personagem? Partindo do pressuposto que na ficção o politicamente correto sempre vence, qual a lição que Solange vai deixar?

Na novela a moça de corpo e roupas insinuantes vive com os pais em uma comunidade carente, ela compõe um núcleo familiar atormentado pela violência doméstica. A mãe de Solange, Celeste, é uma dona de casa constantemente agredida pelo marido violento e controlador, o  motorista Baltazar. Nesse clima de medo e opressão, "Sol", como é conhecida, nutre o sonho de ser uma "funkeira". Enquanto o pai trabalha, a moça executa movimentos pélvicos sensuais e veste roupas minúsculas..."ensaiando", segundo ela.

Não obstante o apelo sexual da adolescente e o reforço do estereótipo "mulher objeto", o problema maior é o total desprezo ( declarado ) que a personagem tem pelos estudos e, em um segundo momento, a conivência da mãe. Tudo isso ficou bem evidente no capítulo da novela "Fina Estampa" que foi ao ar no dia 04.10.2011. Com receio de que Baltazar chegasse do trabalho e não encontrasse a filha em casa, Celeste vai em busca Solange em um baile funk, a sua chegada coincide com o momento em que "Sol" é anunciada como próxima atração pelo MC. A moça pega o microfone e anuncia que o funk que ela vai cantar é de autoria própria, "O nome desse funk é 10 no popozão", disse entusiasmada, completando a performance com um "agachamento rebolativo" que mais lembra uma relação sexual. A moça começa a cantar e dançar acompanhada pela batida característica do funk...

"A primeira é desafio, mas no funk eu arrepio
Eu odeio redação, mas requebro até o chão
Não sou boa no estudo, levo zero em quase tudo
Reprovada no provão, tirei dez no popozão

Meu diploma é de funkeira, vem comigo meu irmão
Ponha a mão no popozão e requebre até o chão..chão..chão...chão

Ao ver o desempenho da filha, Celeste tem um "ataque de orgulho", com uma expressão situada entre a emoção e a felicidade ela conclui a cena dizendo "A minha filha tem talento".

A personagem não é previsível. Não imagino que mensagem positiva o autor reserva para Sol (se é que reserva). Ela se tornará um funkeira famosa que vai livrar a mãe da violência doméstica? Vai criar gosto pelos estudos e abandonar o Funk ou se convencer da importância do conhecimento e usar o funk como vetor para divulgá-lo? Independente do desfecho, e levando-se em consideração o tempo de exposição (pois em novela tudo de bom acontece no último capítulo ) dedicado a imagem negativa de sol, a personagem é desnecessária, além de uma má influência para crianças e adolescentes. O comportamento de "Sol" é um convite ao desprezo pelos estudos e uma apologia à busca da fama a qualquer preço.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

#VazaChevron - A Chevron achou que somos trouxas?



No dia 10 de novembro, quinta-feira, a Agência Estado publicou esta nota:
“A unidade brasileira da petroleira norte-americana Chevron-Texaco informou que está trabalhando para conter um vazamento no campo Frade, na Bacia de Campos. “O vazamento se deve a uma rachadura no solo do oceano. É um fenômeno natural”, disse Heloisa Marcondes, porta-voz da Chevron-Texaco Brasil.

O engajamento do Tijolaço deu exemplo ao país da capacidade do jornalismo colaborativo, sério e comprometimento com a verdade. O Tijolaço “furou” toda a imprensa e foi quem primeiro duvidou da história contada pela Chevron-Texaco de que o derramamento de petróleo no mar era “fenômeno natural”.
O acidente, sabe-se só agora,  aconteceu na segunda-feira, 7 de novembro. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) tomou conhecimento no dia 9, mas só o tornou público no dia 10. 
O primeiro alerta público foi dado pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro) ainda na quarta-feira, 9.

Nos dias 11, 12, 13, 14 e 15, a mídia se limitou a reproduzir as notas oficiais da Chevron-Texaco. E, ainda assim, em matérias pequenas, em pé de página, escondidas. 
Nenhuma cobrança maior. Aliás, nenhum grande veículo se empenhou para saber o tamanho e a causa do vazamento.

Finalmente a imprensa brasileira rompeu o silêncio e começamos entender as causas desse acidente:

Estadão - Polícia Federal investiga se Chevron tentou atingir Pré-Sal ao perfurar poço que vazou.
A Polícia Federal está investigando a possibilidade de a petroleira norte-americana Chevron estar tentando indevidamente alcançar a camada Pré-Sal do Campo de Frade. Na tentativa, teria ocorrido a ruptura de uma estrutura do poço perfurado, dando origem ao vazamento de petróleo na Bacia de Campos (RJ). 
Os especialistas da ANP suspeitam que o emprego pela Chevron de uma sonda com capacidade para perfurar a até 7,6 mil metros, quando o petróleo em Frade aparece a menos da metade dessa profundidade, é um indicativo de que a companhia poderia estar burlando seu plano de prospecção do campo.

Correio Braziliense - Chevron assume total responsabilidade por vazameto de óleo.
Diante da pressão exercida por autoridades que cobram providências contra a petroleira norte-americana Chevron, o presidente da empresa no Brasil, George Buck, afirmou no domingo (20/11) que a companhia assume total responsabilidade pelo vazamento de óleo que atinge há 14 dias a Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro.
O presidente da Chevron no Brasil, Charles Buck, disse ontem à noite que a empresa foi culpada pelo vazamento, por não aplicar técnicas adequadas de cimentação do revestimento da coluna de perfuração.
A perfuração foi feita com uma cimentação insuficiente para proteger a rocha em torno dos tubos de revestimento do poço e o petróleo subiu por este espaço, infiltrando-se na rocha e subindo à superfície do solo oceânico.

Folha de S. Paulo - Chevron tentou esconder vazamento de petróleo em Campos.
A direção da Chevron no Brasil omitiu informações sobre o vazamento de petróleo em poço da Bacia de Campos e pode ser responsabilizada por tentar ocultar o acidente. A Chevron sabia do vazamento de petróleo no Campo do Frade desde o dia 9/11, mas só tornou a informação pública cinco dias depois, na segunda-feira, 14/11. 

Wall Street Journal -  A plataforma Sedco706 não era adequado para modernas perfurações em águas profundas.
A plataforma Sedco706, da Transocean, que opera na área do acidente em Frade, tem hoje 35 anos de idade e que o equipamento “não era adequado para modernas perfurações em águas profundas." E não deveria ser utilizado mais para perfuração. a Sedco706, da Transocean, a mesma proprietária da Deepwater Horizon, que provocou o acidente no Golfo do México.

Portanto, ficam as perguntas: 
O que levou a Chevron-Texaco achar que poderia agir dessa forma aqui no Brasil? Achar que somos trouxas? Ou achou que o Brasil ainda é colônia americana?

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Lei de Mídias Democráticas no Brasil



A Internet é apontada, hoje, como a redenção, o alvorecer da era da verdadeira democratização da mídia, os meios de comunicação no mundo. Está mais do que claro, porém, que essa é mais uma ilusão, de tantas que a história nos guardou.

No varejo, tudo bem, todo mundo pode acessar e trocar lá suas mensagens. Fazer páginas, blogs, redes e tudo o quanto quiser para falar de política ou sexo é fácil e até banal. É como se fosse uma válvula de escape para as angústias dos viventes. No atacado, porém, a história é muito diferente. O buraco é mais embaixo.

Como no passado, com outras mídias, esta também está sob controle das forças que dominam o mundo. Em temas de importância estratégica para o centro do mundo, em especial os Estados Unidos, as redes são monitoradas e conduzidas. E em momentos de crise, há a possibilidade de controle total. E aí, babau democracia.

Muitos exemplos têm sido mostrados até na grande mídia, meio sem querer, mas que deixam claras as tendências do sistema internético. Um deles é o caso do Egito, onde foram bloqueadas as linhas de celular e o acesso via computador, pelos técnicos do regime então em vigor.

No entanto, os gerentes das redes mundiais intervierem e as desbloquearam. O motivo pode ser qualquer um. O que nos chama atenção, contudo, é a possibilidade de isso ser feito. Tanto o bloquear quanto o desbloquear, como era alardeado, seriam coisas impossíveis. Para usar a linguagem dessa mídia, ksksksks...

Por outro lado, há incontáveis páginas alocadas na rede que não são passíveis de acesso. É o caso, por exemplo, da página das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARCs), que existe, mas que no Brasil ou nos Estados Unidos, ninguém consegue acessar, por motivos “técnicos”.

Isso nos remonta à própria história dos modernos meios de comunicação. Desde a sua primeira etapa, que foi a da luta pela liberdade de imprensa. Esta era pelo direito de se possuir uma máquina impressora, até então estatais, como forma de, a partir dela, exercer outra liberdade, a de expressão.

Transferiu-se apenas o controle das máquinas das mãos do estado para as mãos dos setores privados que controlam inclusive o estado. Ou seja, os meios seguirem nas mãos das elites. E estas sempre estiveram a favor do colonialismo, da dominação do mundo, do subjugo de povos, da exploração de recursos naturais e assim por diante.

Veio então o rádio, no limiar do século 20, e com ele a mesma esperança de democratização do acesso e liberdade de expressão. Doce ilusão. Nas frequências do rádio voaram as ideologias das forças colonial-imperialistas, com enorme importância especialmente no período da segunda Grande Guerra e, depois, na chamada guerra fria.

A influência de emissoras como a BBC de Londres, na Grã-Bretanha, e da Voz da América, nos EUA, para citar dois exemplos, foi brutal no período pós-guerra. É claro que, de outra lado, havia a rádio de Moscou, também com potentes transmissores em Ondas Curtas, e, já na década de 60, a rádio de Havana, em Cuba, que entrava rachando em toda a América Latina, especialmente na região amazônica.

Mas, também aí era possível ter controle. A BBC e a Voz praticaram incontáveis vezes o recurso do jamming, que significa “engarrafamento” e, no caso, expressa o ato de entrar com uma onda magnética sobre outra, na mesma frequência, e assim picotar a transmissão indesejada.

Nós temos um grande exemplo disso aqui no Brasil. A Rádio Nacional da Amazônia, estatal, foi criada durante a ditadura militar para embananar as ondas da Rádio de Havana. O objetivo foi plenamente atingido. Não havia essa preocupação, por exemplo, com a BBC da Jamaica, que era colônia britânica, e isso explica a influência da música caribenha na região norte do País, especialmente no Maranhão.

O fato é que, também no caso do rádio, a mídia ficou nas mãos de estados e de grandes grupos econômicos com a mesma coloração ideológica. E é esta a situação que até hoje vigora.

Com o advento da TV, de novo se esperava alguma forma de abertura. Mas, a TV incorporou, no caso dos EUA, a prática que já vinha em curso no cinema desde antes da guerra, com o conhecido uso de Hollywood como base de difusão da ideologia ianque.

Mesmo no Brasil, onde a matriz da TV foi o rádio e não o cinema, ocorreu o mesmo processo, já que ainda hoje boa parte da programação televisiva daqui é de enlatados, termo que vem das latas redondas que traziam os filmes do cinema e, depois, os programas de TV.

O processo que se vê agora segue o mesmo caminho. É certo que a Internet abre chances que eram inexistentes e amplia a possibilidade de acesso. Não há dúvida sobre isso. A questão, no entanto, é que os limites já estão bastante bem desenhados.

Mídia Democrática, por Jaime Sautchuk, portal Vermelho

Contribua com seu apoio no abaixo assinado pró Lei de Mídias Democráticas no Brasil, corroborando e divulgando
Abaixo-assinado Lei de Mídias Democráticas no Brasil
(clique aqui)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Notícia no Brasil é fabricada ao gosto do patrão‏



Impressionante o silêncio e cinismo da imprensa em esconder o gigantesco vazamento de petróleo na Bacia de Campos/RJ provocado pela Chevron
O óleo já jorra no mar há mais de uma semana e até agora nenhum gerente, diretor ou engenheiro da Chevron foi cobrado a das explicações públicas. Até agora só notinhas insossas.

Voltando um pouco na história, mais precisamente em dezembro de 2009, é fácil saber o motivo da blindagem que cerca a Chevron.
As petroleiras americanas não queriam a mudança no marco de exploração de petróleo no Pré-sal que o governo aprovou no Congresso, e uma delas ouviu do então pré-candidato favorito à Presidência, José Serra (PSDB), a promessa de que a regra seria alterada caso ele vencesse.
É isso que mostra telegrama diplomático dos EUA, de dezembro de 2009, obtido pelo site WikiLeaks (www.wikileaks.ch).

Amigos(as), E se fosse a Petrobras...? Até os peixes e as baleias estariam sendo convocadas para a CPI do Desastre Ambiental. Seria notícia em primeira página de todos sites e cobertura exclusiva no Jornal Nacional. 

Mas o que os sites e jornais preferiram publicar essa semana foi a queda nos lucros da Petrobras, mesmo sabendo que essa queda é essencialmente contábil, pela desvalorização cambial ocorrida desde agosto. Mas se esta análise fosse menos contaminada a notícia correta seria: 

Petrobras teve aumento do lucro líquido de 15% em relação o mesmo período de 2010, alcançando R$ 28 bilhões 264 milhões, com 7% de aumento na geração de caixa medida pelo EBITDA.

Mas como podemos ver, notícia no Brasil é fabricada ao gosto do patrão, eis algumas de um mesmo assunto:





Assim fica difícil saber em quem acreditar... ainda bem que temos a matemática!