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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O que foi o acidente no litoral de São Paulo envolvendo a Petrobras?‏



Ontem, um dia depois do anúncio, pela Petrobras, do  vazamento de óleo no Campo do Carioca, da Petrobras, já tinhamos tudo: sobrevôos, fotos aéreas, inquéritos da Marinha, do Ministério Público…

O Ibama, que levou 15 dias para multar a Chevron, gastou só 24 horas para multar a Petrobras.

Que bom, porque é assim que deve ser. O meio-ambiente é propriedade comum e todas as peassoas têm não apenas o direito de serem informadas como o de cobrarem as responsabilidades dos que operam atividades potencialmente danosas a eles, como é a extração de petróleo. 

Ninguém que conheça a empresa tem, em qualquer momento, nenhuma dúvida quanto ao rigor com que a petroleira brasileira trata a segurança de suas atividades. É severíssima!!!

O que foi o acidente no litoral de São Paulo? Uma imperícia, uma “barbeiragem” operacional como no caso da Chevron? Não.

A linha de produção, onde ocorreu o vazamento, é um duto entre o poço – onde está instalada uma válvula, conhecida como “árvore de natal molhada” e o navio plataforma.

Este duto, conhecido como riser , foi o que apresentou vazamento.

É bem raro que isso ocorra, mas nada tem a ver com o “poço” propriamente dito e, portanto, com sua profundidade e características no subsolo. Ou seja, tanto faz se o poço é no pré-sal ou no pós sal.

O que pode influir, sim, é a profundidade da lâmina d´água, que determina a extensão do riser. Neste caso, como era um poço pioneiro e o único ligado ao navio-plataforma, o comprimento do riser é apenas um pouco maior que a profundidade do solo marinho, que tem ali cerca de 2,1 km. A trajetória vertica do riser o expõe a esforços provocados pelas correntes e por seu próprio peso. O movimento do navio-plataforma, gerenciado por satélite, ajuda a compensar estas pressões e, algum vezes, são usados flutuadores e tensionadores, para evitar a formação de ângulos perigosos na junção entre o duto e a válvula na “cabeça” do poço, onde há uma válvula.

Esta válvula é automaticamente fechada quando se detecta uma variação de pressão no duto, que pode ser causada, entre outras razões, por um vazamento. Isso é quase imediato e até independente de ação humana.

Então porque vazaram cerca de 160 barris, e como se sabe desta quantidade? Esse é o petróleo contido no extenso duto, que tem um diâmetro considerável – não foi informado, mas é, seguramente, entre 4 e 6 polegadas, ou entre 10 e 15 centímetros,além de um pequeno diferencial que pode ser estimado tanto pelo ponto de rompimento  quanto pela vazão do duto que, no caso deste poço, era muito alta, cerca de mil barris (perto de 160 mil litros) por hora. Por mais rápidos que sejam a detecção e o fechamento da válvula, com esse fluxo, a quantidade que escapa  não é pequena.

Por isso, é uma bobajada dizer que o pré-sal vazou ou que o poço vazou. O que vazou – e tem de ser apurada com rigor a causa – foi o tubo que leva o óleo do poço ao navio. Se foi defeito do material do duto, dos conectores, da manobras de posicionamento do navio-plataforma, é isso o que tem de ser descoberto e corrigido.

E é isso que a Petrobras, a esta hora, deveria estar explicando, didaticamente, a todos.

E não deixar que a especulação em torno do vazamento -  na tubulação e  imediatamente contido, enquanto o  da Chevron, no poço,  está deixando escapar petróleo, em pequena quantidade,  até hoje – coloque sombras sobre o assunto.

(artigo na íntegra, clique aqui, fonte: Tijolaço)

6 comentários:

  1. Excelente meu Caro,

    Alguns Jornais noticiaram erroneamente "160 mil barris" de óleo, repetidas vezes.
    Se o rompimento do riser tivesse sido o de outra Petrolífera, talvez fosse publicado uma pequenina nota no jornal...talvez...
    é isso companheiro..

    João Victor

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  2. Comentário recebido por Email:

    Olá Rafael!

    Muito bom o conteudo e a explicação, vi no Jornal da Globo em 01 de fevereiro essa justificativa, não com a mesma riqueza de detalhes, de forma sucinta, mas com a clareza, ressaltando que não houve vazamento no poço e sim no duto de transporte do fluido.

    Abraços,

    Edson

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  3. Comentário recebido por Email:

    Explicação perfeita!

    Caio

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  4. Comentário recebido por Email:

    Valeu, Rafael...você é o cara, bela matéria.

    Cordialmente,
    Engo. Fco. Carlos Lima Lopes

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  5. Comentário via Facebook:

    Quem dera Rafael que a grande mídia abordasse os acontecimentos de forma clara. O que é que custa para eles demonstrar os fatos de forma didática e fiel ? Eu sei o que é que custa. Custa, você bem sabe, os interesses de uma minoria... Parabéns Chorumas pela prestação de serviço à população.

    Davidson Augusto

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  6. Comentário via Facebook:

    Muito bom esse texto Rafael Chaves! Parabéns meu amigo véio!!!!

    Janderson Menezes

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