Mais um braço na luta digital por uma sociedade mais justa.
B
B

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Jornalismo Kill Bill, no Ceará, Nunca Mais.

B

No último dia 03/02/10 foi desferido o segundo tiro no lado esquerdo do peito dos veículos de comunicação cearenses que insistem em prestar desserviço à sociedade e ao jornalismo sério. O primeiro veio em setembro de 2009, quando o secretário de segurança Pública do Estado do Ceará, Sr. Roberto Monteiro, determinou que fossem respeitadas a intimidade, a vida privada e a honra daqueles considerados objetos de investigação, ou seja, nada de expor ou explorar de qualquer forma a imagem dos presos.

O segundo veio da Sra. Nilce Cunha Rodrigues, procuradora do Ministério Público Federal no Ceará, que entendeu ser abusiva e fere o Artigo 5º da Constituição, Inciso X exposição do preso na imprensa, sem sua autorização.

Tais, determinação e entendimento, respectivamente, fizeram ruir a indústria dos lucros dos telejornais policiais (tipo Kill Bill) das emissoras com esse tipo de programação. Com o falso argumento de oferecerem aos presos oportunidade para defender-se; este espaço era utilizado para fazer chacotas, zombarias e "gracinhas" sarcásticas com os mesmos. A única coisa que essa indústria estava interessada era na audiência e garantia dos lucros. E os presos? Aos presos às favas! Após uma exposição totalmente desviada da sua finalidade e sem sua autorização, certamente, seu retorno ao convívio social e profissional, seria seriamente comprometido, alargando ainda mais o fosso dos excluídos e marginalizados.

Essa indústria estava tão bem que já existia há mais de 15 anos e nos dias atuais ocupava o horário nobre em 3 dos 4 canais mais assistidos no Ceará. E não pára por aí, pasmem, essa indústria conseguiu eleger vários deputados estaduais que outrora foram apresentadores ou repórteres desses mesmos telejornais.

A engrenagem dessa indústria era complexa, começava nas redações dos telejornais, passava por policiais militares, que estranhamente ligavam diretamente para o repórter, no andamento de uma ocorrência (em troca não sei de quê, prefiro não ser julgar) e terminava com a conivência dos delegados nos distritos policiais.

A farra desses telejornais acabou; e as atuais circunstâncias os forçaram mudar todo escopo, além verem suas receitas oriundas dos anunciantes irem ralo a baixo. Incompetentes como sempre foram, sequer tentaram submeter esse modelo falido a um redesenho em nome da sobrevivência. Decidiram pelo caminho mais fácil; promoveram uma verdadeira campanha junto à sociedade no intuito de colocá-la contra o Poder Público em nome de interesses puramente comerciais, com isso, ameaçando a ordem pública.

Portanto, toda vez que algum apresentador e/ou repórter reclamar desses limites corretamente impostos pelo Poder Público, sob o argumento da liberdade de imprensa, direito da informação, retorno da censura, blá, blá, blá,... devemos lembrar que: jornalismo sério se faz com isenção de valores, nunca opina, sempre informa e deve contribuir para o desenvolvimento da sociedade!

3 comentários:

  1. Excelente texto!
    Parece que estamos entrando numa nova era no Brasil em relação a essa questão da mídia.
    Há uma crescente consciência da parte da população em geral sobre a necessidade de serem estabelecidas regras claras e consensuadas pela sociedade a respeito dos conteúdos midiáticos.
    Parabéns pelo seu blog!
    Maria Lucia

    ResponderExcluir
  2. Maria Lucia, muito obrigado pela crítica, sobretudo num tema que grande parte da população vem se mostrando contra limites, necessários, impostos pelo Poder Público.

    ResponderExcluir
  3. Grande Rafael. Estou acompanhando o seu blog e acho que você está no caminho certo. É isso mesmo amigo!! Vou incorporar o seu blog ao meu. Abraço.

    ResponderExcluir